O Bom e Sagrado Caminho Vermelho

Em nossa caminhada, levando a cura através da medicina da Arte Xamânica a muitos irmãos e irmãs, recebemos inúmeras bênçãos, sejam por palavras, gestos, sorrisos, alegrias, descobertas e a amizade que vamos fortalecendo com cada um que vem compartilhar conosco esta sagrada medicina.

Assim, através da beleza da entrega e do amor incondicional, o Grande Espírito coloca em nosso caminho as bênçãos de receber e compartilhar informações verdadeiras e embasadas no profundo conhecimento das culturas ancestrais espalhadas pelo mundo e pelo tempo, que compartilhamos com todos aqui neste espaço sagrado, por saber que o "Tempo das Nuvens Negras" chegou ao fim e a luz da informação e do conhecimento nativo verdadeiro deve ser transmitido com urgência a todos os buscadores da luz.

Como diz Hotashugmanitu Tanka: "estamos aqui para semear e compartilhar, fazendo brilhar a Roda do Arco Íris neste início do Tempo do Búfalo Branco, trazendo a consciência da totalidade, a paz e a serenidade para os irmãos de todas as cores".

Que assim seja!

Marcelo Caiuã e Bianca Martins


Os sete Rituais Lakota


Precedendo os sete Rituais Sagrados Lakota fazemos questão de divulgar esta pequena referencia a um pele vermelha, que nasceu quando o Oeste se tornava de fato selvagem, sob o domínio esmagador de 30 milhões de homens brancos, viveu as injustiças amontoadas sobre tudo o que o seu povo amava, viu os homens civilizados atirarem do cavalo de ferro fumegante, só para ver um Búfalo cair morto, viu as planícies cobertas por milhares de suas carcaças putrefadas. Viu perseguirem e matarem até o último casal de lobos nas montanhas sagradas de seus Ancestrais.Viu mulheres e crianças serem abatidas no meio da noite, pelas winchesters dos "homens corajosos" do exército norte americano. Viu os cavalos serem levados à força das pradarias, para serem submetidos ao chicote e a espora dos valentes cowboys. O sofrimento que via, foi tanto, que seus olhos não quiserem mais enxergar. Este pele vermelha, que tinha visões desde criança, que se tornou Xamã aos nove anos de idade, que aos doze lutou ao lado de Tatanka Lyotake e Tashunka Witko, contra a sétima cavalaria, que virou atração no show do oeste selvagem de Búfalo Bill e conheceu a Europa, morreu cego, confinado num campo de concentração, chamado Reserva de Pine Ridge, em Dakota do Sul. Esse Grande Pele Vermelha, chamado Hehaka Sapa (Alce Negro), deixou registrado num livro, todo o seu conhecimento, para que a tradição de seu Povo Sioux, não morresse, mas corresse livre como o vento, servindo de cura a um mundo doente.

Os rituais sagrados foram traduzidos deste livro - Black Elk Speaks - publicado pela primeira vez em 1932 pelo historiador John Neihardt, ditado pelo nosso Amado Hehaka Sapa em 1931.

"Meu amigo, vou contar a você a história da minha vida, como quer, e se fosse apenas a história da minha vida acho que não a contaria, pois o que é um homem que viveu muitos invernos e que agora estes o curvam como uma nevasca pesada? Da mesma forma muitos outros homens viveram e irão viver essa história, até tornarem-se grama sobre as colinas. É a história de toda a vida que é sagrada e boa de ser contada, e de nós bípedes partilhando-a com os quadrúpedes e as asas do ar e todas as coisas verdes; pois estes são filhos de uma única mãe e seu pai é um único Espírito. Esta, então, não é a história de um grande caçador ou de um grande guerreiro, ou de um grande viajante, embora eu tenha feito muita carne no meu tempo e lutado por meu povo tanto como menino quanto como homem, e tenha ido longe e visto terras e homens estranhos. Da mesma forma muitos outros o fizeram, e melhor do que eu. Essas coisas irei lembrar de passagem, e frequentemente elas parecerão ser a história em si, como quando eu estava vivendo em felicidade e tristeza. Mas agora que posso ver toda ela como se do topo solitário de uma colina, eu sei que foi a história de uma visão poderosa dada a um homem fraco demais para usá-la; de uma árvore sagrada que deveria ter florescido no coração de um povo, com flores e pássaros cantando, e agora está seca; e do sonho de um povo que morreu na neve coberta de sangue. Mas a visão era verdadeira e poderosa, como eu sei, ela é verdadeira e poderosa ainda, pois tais coisas são do Espírito, e é na escuridão de seus olhos que os homens se perdem."  

Os Sete Rituais Lakota, ou como disse Hehapa Sapa, o Chefe Black Elk: As Sete Formas de Orar ao Grande Espírito.
  1. Tchanunpa Wakan (Tchanunpa Kara) - Cachimbo Sagrado. O ritual é simples, mas há de se respeitá-lo e fazê-lo exatamente como era feito para que se alcance a visão;

  2. Oinikare - Ritual de Purificação feito na itipi - tenda de suar; 

  3. Hanbletcheyapi - Imploração da Visão, conhecido fora do território Lakota como Busca da Visão, entretanto é mesmo uma imploração ao Grande Espírito para obtê-la. É um ritual que se exige muito fisicamente da pessoa quanto da fé;

  4. Wywanyag Watchipi - Dança que Olha o Sol (Dança do Sol);

  5. Hunkapi - Ritual do Parentesco;

  6. Hagi Gluhapi - A Guarda da Alma ( Ritual dos Mortos );

  7. Ishna Ta Awi Cha Lowan - Ritual que prepara a "menina moça" para a vida como mulher.


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Fonte: Os rituais sagrados foram traduzidos deste livro - Black Elk Speaks - publicado pela primeira vez em 1932 pelo historiador John Neihardt, ditado pelo nosso Amado Pai Sagrado Hehaka Sapa em 1931.